O elevado sentido espiritual

Lucy Dias Ramos

Defrontamos no mundo moderno com amplas facilidades, que nos dificultam a busca da harmonia íntima perante os desafios da vida terrena.

A busca de notoriedade, de sucesso na vida profissional e outras vantagens, as quais nos distanciam dos deveres assumidos no resgate de débitos anteriores, vão cada vez mais nos conduzindo às fugas psicológicas, causando a depressão, o tédio e a ansiedade.

Distanciamo-nos dos elevados propósitos de uma vida tranquila e profícua de bênçãos, vivenciada com simplicidade e equilíbrio na contemplação da natureza, que, em seus ciclos, renova-se constantemente, vencendo o que a impeça de avançar. Sob o comando de Deus, esplende em motivações de perseverança e, mesmo nos detalhes mais simples, se observarmos com atenção, vai demonstrando beleza e equilíbrio!

Jesus utilizava em suas pregações e exemplos a simplicidade, e ninguém conseguiu deixar nos corações humanos, como ele, as marcas sublimes de seus gestos de amor, ao falar em suas parábolas das coisas mais simples da natureza, estimulando a todos a vivenciar com gratidão as bênçãos da vida, amando e perseverando no bem.

Ressalto aqui a simplicidade, pois ela certamente nos conduzirá com a humildade necessária em nosso processo de regeneração, para que superemos nossos desafios existenciais.

Há de se buscar recursos que nos possibilitem superar esses problemas com fé, esperança e gratidão às bênçãos que nos são concedidas por meio do conhecimento espírita, levando-nos a agir com retidão, mantendo a calma, tendo compreensão de que tudo irá passar e de que todos nós venceremos o egoísmo que nos aprisiona.

O autoconhecimento nos conduz ao processo de iluminação da consciência, o que amplia nossos horizontes. Nossa mente percebe com maior clareza o sentido da vida, a vivência do amor em plenitude! E tudo, então, será mais sublime, diante da imortalidade da alma e da certeza do nosso prosseguimento em vidas sucessivas.

Buscar o sentido espiritual, como seres imortais que somos é valorizar a vida sem se ater aos bens materiais, às ilusões da posse, do poder e do que é fugaz e efêmero, por ser transitório.

Para viver assim não é necessário se ausentar do mundo, do meio em que se vive, dos irmãos em humanidade, mas valorizar a vida por meio de gestos de amor, solidariedade e compreensão nos relacionamentos com esses irmãos, perdoando sem condicionamentos, amando sem restrições e preconceitos.

Com as luzes do conhecimento espírita que nos orienta, ensina e amplia nossa compreensão dos objetivos sublimes da existência, numa análise profunda dos ensinamentos de Jesus, temos uma diretriz segura para caminhar, buscando elevar nosso discernimento e responsabilidade diante das dores morais, das perdas, e seguir com as luzes da fé e da esperança rumo ao nosso destino como Espíritos imortais.

Paulo de Tarso nos informa da promessa divina de não nos deixar, nem nos desamparar (Hb 13:5). Comentando esse versículo, Emmanuel enfatiza que “a palavra do Senhor não se reporta somente à vida física na subida pedregosa da ascensão”. Logo, “mantenhamos, pois, a confortadora certeza de que toda tempestade é seguida pela atmosfera tranquila e de que não existe noite sem alvorecer”.[1]

Há de se vencer as tribulações, as dores da alma, os desafios existenciais que ainda perduram, pois já conhecemos o caminho e, mesmo diante daqueles que ainda não nos compreendem e tentam nos impedir, temos a certeza que não estamos sozinhos…

Jesus nos prometeu que estaria conosco até o final e acreditamos em seu amor imensurável, que pacientemente nos ampara, protege e aguarda.


[1] Xavier, Francisco C. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 23ª ed., Rio de Janeiro: FEB, 1999, c. 41.

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