Sabedoria

Rogério Coelho

De tudo o que se deseja, nada se pode comparar com a sabedoria (Pr, 8:11)

Desde os mais ancestrais registros do Velho Testamento, como também por meio do pensamento de inúmeros filósofos, observamos a exaltação à sabedoria, pois ninguém desconhece o alto tributo que se paga para acoroçoar a ignorância.

Segundo as Velhas Escrituras (Pr, 8:22ss), a sabedoria existe desde a eternidade e está arrolada como uma das riquezas do “reino dos céus” que Jesus nos conclamou a amealhar, uma vez que a sabedoria é imperecível, portanto, não suscetível de nos ser roubada pelos ladrões ou de ser destruída pelas traças e ferrugem. Afinal, “melhor é o fruto da sabedoria do que o ouro” (Pr, 8:19) e “a sabedoria habita com a prudência e faculta reto discernimento” (Pr, 8:12).

Os Benfeitores Espirituais afirmam[1] que a ignorância, ao somar-se à má-educação, falseiam nosso critério, ao mesmo tempo em que estimulam as tendências perniciosas. E, quando essas duas se juntam às honrarias e facilidades terrestres, nosso retorno à Espiritualidade se torna trágico.

Vale a pena, portanto, dar uma espiada nas tristes sagas dos Espíritos cujo regresso à Espiritualidade foi marcado por excruciantes desaires, conforme Kardec nos mostra em um amplo leque de variadas situações na segunda parte do livro O Céu e o Inferno.  Tal observação nos fará compreender o porquê da célebre recomendação do Espírito de Verdade de nos amarmos e nos instruirmos.[2]

Dentre os inúmeros e marcantes testemunhos alinhavados pelo mestre lionês, temos uma visão do superlativo malefício gerado pela dupla ignorância/má-educação nas palavras de uma rainha indiana do Oude, desencarnada na França em 1858. Evocada por Kardec na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, ela ainda experimentava acerbas dores na alma, uma vez que aportou no “mundo maior” com todo o seu acervo de ignorância e má-educação. Era, na verdade, uma grandeza decaída ao túmulo. Por isso, dissemos que pagamos um alto preço pela manutenção da ignorância, já que, ao nos transferirmos para a Espiritualidade, para lá se transferem também nossas mazelas morais.  E tal como um cacto, a ignorância machuca não só quem a possui, mas também a todos à sua volta.

O rei Salomão, responsável pelo erguimento do majestoso Templo de Jerusalém, proclamou com sua indiscutível sabedoria: “os sábios escondem a sabedoria, mas a boca do tolo é uma destruição” (Pr, 10:13).

Cultivemos, portanto, as boas leituras, os bons hábitos, o serviço incessante no bem e procuremos sempre a companhia de pessoas sábias e moralmente sadias, a fim de que possamos, pouco a pouco, conquistar as condições de nossa definitiva alforria espiritual, alijando de nossa vida, de uma vez por todas, a perniciosa e fatal ignorância.              


[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88ª ed., Rio de Janeiro: FEB, 2006, q. 813.

[2] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 129ª ed., Rio de Janeiro: FEB, 2009, c. 6, i. 5.

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *