É necessário nascer de novo
Ricardo Baesso de Oliveira
Um colega de trabalho, após assistir ao filme Nosso Lar, me disse:
– Ricardo, fiquei sem entender para que reencarnamos. Ora, do lado de lá tem casa, hospital, escola, automóvel… por que não ficamos por lá mesmo?
Essa reflexão é importante. Embora a vida espiritual se pareça muito com as condições de vida na Terra, há diferenças entre elas. São essas diferenças que nos fazem compreender a necessidade da reencarnação.O mundo físico se diferencia do mundo espiritual nos seguintes aspectos:
1. A experiência no corpo físico nos faz passar por várias fases de vida, cada uma delas com caraterísticas particulares: nascer, crescer, enamorar-se, reproduzir-se, criar filhos, envelhecer e vivenciar certas moléstias físicas.
Essas condições são exclusivas da vida na Terra. Cada uma delas oferece ao reencarnante possibilidades de desenvolver certas habilidades.
As experiências da gestação e da maternidade, por exemplo, são únicas no sentido de se vivenciar certas emoções, que são exclusivas dessa condição. As mulheres que vivenciaram essas experiências podem dizer o que isso representou para elas.
Da mesma forma, a experiência do envelhecimento. Muitas pessoas dizem, no final da vida: “quanto aprendi com a terceira idade! Se tivesse, aos trinta anos, o amadurecimento que tenho hoje, teria cometido menos erros”.
2. A luta pela sobrevivência: a presença na dimensão física coloca o Espírito em um meio em que a atividade e o trabalho são praticamente obrigatórios. Do contrário, vem a fome, a doença e a morte. Isso não se dá no mundo espiritual (mesmo porque, já estando mortos, não podem morrer novamente).
O trabalho é o motor do progresso e a atividade incessante é a alavanca do desenvolvimento da inteligência. Resolver problemas relacionados ao próprio ato de viver desenvolve a inteligência e expande as possibilidades mentais do Espírito.
3. O período da infância,tornando o Espírito mais acessível ao burilamento do caráter, por meio da educação e dos bons exemplos dos pais, dos professores e da intervenção salutar das religiões. Essas intervenções, quando positivas, podem auxiliar na transformação moral do indivíduo.
Como transformar em homens de bem tantos Espíritos voltados para o mal, senão fazendo com que passem por períodos múltiplos de infância, levando-os à convivência sadia com pais amorosos, mas disciplinadores, que estarão semeando em seus corações as sementes da bondade, da justiça e da consideração pelo semelhante?
4. O esquecimento do passado, que permite ao Espírito conviver com seus desafetos, sem recordar-se dos crimes cometidos uns contra os outros. Voltar ao cenário da Terra sem a lembrança do que fizemos e do que nos fizeram contribui na dissolução de ódios e no apaziguamento de relações afetivas que adoeceram no passado.
5. A convivência com pessoas diferentes. No mundo espiritual, os Espíritos que se assemelham se buscam na imensidão do espaço, constituindo grupos afins. Os Espíritos convivem basicamente com outros que são de mesma condição evolutiva.
Na dimensão física, isso não se dá – vivem todos em um “balaio de gato”: o responsável ao lado do irresponsável, o justo ao lado do injusto, o sábio ao lado do obtuso, o gentil ao lado do grosseiro etc.
A convivência na diversidade estimula o progresso. Os que se acham em condição evolutiva inferior têm, em seus superiores, o exemplo e o estímulo para a autossuperação. Os que estão em posição superior encontram, na convivência com os que estão em posição inferior, as oportunidades para exercitar a tolerância, a paciência e a perseverança.
Foi por tudo isso que Jesus disse: “ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo”.