Os célebres raciocínios na história da Metafísica

Rogério Coelho

“Tenho ainda de calar-me no que concerne a certas questões”.
Galileu[i]

Galileu estava repetindo uma frase que Jesus ao Seu tempo dissera: “ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora” (Jo 16:12). A diferença básica entre um e outro conceito é que Jesus se expressou por senso de oportunidade e Galileu por humildade.

Se em todas as situações da vida, mormente no trato das questões metafísicas, mesclássemos o senso de oportunidade com a humildade, jamais construiríamos raciocínios inadequados e nunca nos atolaríamos nos pântanos da inconsequência, tampouco nos intricados dédalos do deísmo ou do fatalismo.

Tantas e apócrifas elaborações mentais existem acerca de tantos assuntos que nada representam para o nosso progresso espiritual que, às vezes, nos perguntamos o porquê de tanta dispersão e perda de tempo! O que existe por aí em nome da especulação leviana acerca da origem das coisas, da essência de Deus e quejandos, não dá para acreditar. Isso sem falar em inúmeros assuntos polêmicos onde as partes litigantes – apaixonadamente – desgastam-se em atritos inúteis, enquanto o trabalho da Seara de Jesus fica à espera dos legítimos e abnegados trabalhadores do Bem.

Parece que a Terra transformou-se em um arraial de “virgens loucas” (Mt 25:1-13).

O senso de oportunidade e a humildade poderão contribuir de forma muito positiva em nosso aprendizado. Por exemplo, seria bom saber como Maria, irmã de Lázaro, escolheu a “parte boa” (Lc 10:41-42), como tantas outras criaturas que se deixaram levar pelos elevados ensinos do Mestre Maior. O bom e adequado uso do livre-arbítrio não foi revogado. Unidos em torno do ideal do crescimento espiritual, tornaremos nossa viagem evolutiva mais produtiva e agradável, vez que não estaremos nos emaranhando nos cipoais dos ouropéis terrestres em detrimento da conquista dos tesouros dos Céus.

O Mundo Espiritual, ao mesmo tempo nosso ponto de partida e destino, cumpre sua destinação conforme as augustas prescrições do Senhor da Vida. E nós, aqui, no mundo dos “vivos”? Estaremos seguindo as prescrições de Deus trazidas por Jesus? Olhando à nossa volta fica difícil acreditar que estamos.

Os tempos são chegados! Os Espíritos Amigos nos avisam: o machado está posto à raiz e toda árvore que não produz frutos será derrubada e queimada (Mt 3:10). Portanto, nós espíritas devemos nos irmanar para que a obra seja concluída em tempo hábil. Não se pode mais perder tempo com cizânias pueris e muito menos com as “conquistas” subalternas. Concentremo-nos na “parte boa” e sigamos em frente, no rumo de nossa gloriosa destinação. Permitamos que a pátina dos séculos cubra a esteira de nossa ignorância. Faz-se urgente colocar a mão na charrua e não olhar para trás (Lc 9:62)!

Segundo o nobre Espírito André Luiz, “em injunção alguma consideremos ultrapassadas ou ridículas as práticas religiosas naturais do Espiritismo, como: meditar, orar ou pregar. A Doutrina Espírita é uma só em todas as circunstâncias”.[i]

Não podemos esquecer a meiga e oportuna advertência de Jesus: “vigiai e orai” (Mt 26:41). Por fim, atendamos ao conselho do inolvidável e singular Apóstolo dos Gentios, que, inspiradamente, escreveu aos romanos: “sigamos, pois, as coisas que contribuem para a paz e para a edificação de uns para com os outros” (Rm 14:19). 


[i] VIEIRA, Waldo. Pelo Espírito André Luiz. Conduta Espírita. 6a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978, c. 9.

[i] KARDEC, Allan. A Gênese. 43 ed., Rio de Janeiro: FEB, 2003, c. 6, i. 19.

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