Marketing digital espírita (2ª parte)

Daniel Salomão Silva
Rafaela Doro
Rodrigues

Continuando nossas reflexões sobre o tema, iniciadas na edição anterior da revista, destacamos nesta segunda parte a importância da imagem e do cuidado com seu uso em nossas publicações.

Segundo Darren Bridger, “as imagens nos seduzem a ler a mensagem, facilitam a compreensão de instruções e são mais capazes de viralizar o conteúdo”. Considerando também que “as pessoas não leem em profundidade textos on-line”, “não têm tempo suficiente para pesquisar em profundidade e para considerar todos os detalhes do que estão lendo”[1] e/ou nem sempre são apenas racionais em suas ações[2], esse recurso se torna indispensável a uma boa divulgação.

Pelo uso de imagens e na produção de cartazes que levam em conta certas regras, “o designer elimina tanto quanto possível para o observador o trabalho árduo de pensar, fazendo-o ele próprio.”[3] Desta forma, atinge melhor seus objetivos.

Ainda segundo o autor[4]:

  • As pessoas são 80% mais propensas a ler o conteúdo que inclui imagens em cores;
  • Os infográficos atraem três vezes mais curtidas e compartilhamentos em mídias sociais do que outros tipos de conteúdo;
  • Os artigos com pelo menos uma imagem para cada cem palavras são duas vezes mais propensos a ser compartilhados nas mídias sociais;
  • A probabilidade de que instruções com imagens virtuais sejam seguidas corretamente é três vezes superior a instruções sem imagens visuais.

Logo, são boas práticas:

  • Buscar passar o máximo possível de informações em uma imagem ou em um cartaz (densidade proposicional), lembrando que “as imagens mais simples e mais compreensíveis levam vantagem sobre as mais complexas.”[5]
  • Para destacar uma imagem, evitar que outros elementos do cartaz a ofusquem ou obscureçam. Devem ser usados espaços em branco em torno desses elementos ou fundos de cor contrastante para destacá-los.[6] Aumentar o tamanho dos objetos que se quer destacar (inclusive a espessura das fontes dos textos) e modificar sua forma em relação ao que está no entorno podem dar a ela maior destaque visual.[7]
  • Evitar excesso de simetria e regularidade. No uso de simetrias, evitar redundâncias (por exemplo, mostrar apenas metade de um objeto simétrico). Uma imagem que “quebra” a simetria do entorno se destaca mais.[8]
  • Preferir imagens mais curvas às retas ou pontiagudas, pois, “em design, as curvas tendem a parecer receptivas, enquanto os ângulos e espigões se afiguram hostis.”[9]
  • Não inserir muitos elementos ou áreas nos cartazes, pois “um design com um mínimo de diferentes áreas gráficas posicionadas de maneira integrada será mais fácil de decodificar do que um design em que há muitos elementos aglomerados de maneira dispersa.”[10] É comum observarmos cartazes com tanta informação que acabamos por não entender do que se trata.
  • Escolher bem as cores, dependendo do objetivo que se quer atingir. Segundo Bridger, “as pesquisas mostram que os ocidentais geralmente preferem cores frias, como azul e verde, a cores quentes, como amarelo e vermelho. No todo, azul é a preferência universal entre as culturas, talvez por causa de sua associação com a atmosfera e com os oceanos. Ao contrário, amarelo escuro não é apreciado por várias culturas”. Além disso, “cores com comprimentos de ondas mais longos, como vermelho, evocam níveis mais altos de vibração emocional. Portanto, dois são os efeitos exercidos pelas cores: efeito avaliativo, ou de apreciação, e efeito de excitação.”[11]
  • Ter cuidado com o excesso de cores e valorizar o uso de figuras humanas nos cartazes. Testes mostram que designs com quatro cores e até três figuras humanas tendem a ser mais eficazes. Além disso, expressões fisionômicas complexas e sutis são especialmente eficazes em atrair o interesse.[12] Logo, por exemplo, mais atrativo que um sorriso comum é o sorriso enigmático da Mona Lisa. Por fim, conforme alerta o Espírito André Luiz, “somos responsáveis pelas imagens que criamos na mente dos outros”[13], em nossas falas, escritos e, obviamente, nas figuras que veiculamos. Dessa forma, a atenção na escolha de figuras humanas, particularmente no que se refere à vestimenta, deve ser redobrada.
  • Posicionar com cuidado os elementos na confecção dos cartazes. Ainda segundo Bridger, “as pessoas tendem a olhar para o centro e escolher o meio, em vez de olhar para os lados e escolher as bordas. Também são propensas a olhar para o canto superior esquerdo.”[14]
  • Em textos de divulgação, avaliar o uso de emojis como recurso comunicativo e de destaque da mensagem, pois “os caracteres emojis são agora a linguagem em mais rápido crescimento no mundo.”[15]

Entretanto, essas dicas não devem ser vistas como regras infalíveis ou como dogmas. Fundamental é também estar disposto a ousar, pois, “às vezes, a solução certa para um problema de design pode ser a que transgride algumas regras.”[16] De qualquer forma, é importante que o Movimento Espírita, sem perder sua espontaneidade e sua liberdade, se preocupe em “profissionalizar” um pouco mais suas atividades. Para seus trabalhos de Comunicação Social, por exemplo, é importante procurar pessoas que tenham alguma experiência no assunto e que estejam dispostas a estudar sobre.


[1] BRIDGER, Darren. Neuromarketing. São Paulo: Autêntica Business, 2020, pp. 24 a 27.

[2] Idem, p. 269.

[3] Idem, p. 69.

[4] Idem, p. 24.

[5] Idem, p. 31.

[6] Idem, pp. 48 e 49.

[7] Idem, p. 167.

[8] Idem, pp. 52 e 53.

[9] Idem, p. 149.

[10] Idem, p. 97.

[11] Idem, p. 138.

[12] Idem, pp. 189 e 210.

[13] XAVIER, Francisco Cândido. Sinal verde. Pelo Espírito André Luiz. 16a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, c. 40.

[14] BRIDGER, Darren. Neuromarketing. São Paulo: Autêntica Business, 2020, p. 207.

[15] Idem, p. 145.

[16] Idem, p. 269.

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1 Resultado

  1. MARCELO CAMBRAIA DE ALVARENGA disse:

    Prezados, excelente artigo. No entanto, o exemplo da amejf está com baixa resolução e me deu preguiça de ler. Será que esse efeito não poderia também ser comentado?

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