Água o quê?

José Helvécio

É comum, quando conversamos com alguém que não possui conhecimento do Espiritismo, e ouve a expressão “água fluidificada”, esta pessoa perguntar de imediato: “água o quê?” Então, explicamos que é a água que recebe fluidos medicamentosos pela ação de um médium e que será utilizada como remédio salutar para alívio e até mesmo cura de certas doenças.

Na Revista Espírita de julho de 1867, Allan Kardec se referiu a esse processo da seguinte maneira: “as pessoas não diplomadas que tratam os doentes pelo magnetismo; pela água magnetizada, que não é senão uma dissolução do fluido magnético…” (grifo nosso). O Codificador usa a expressão água magnetizada” e deixa claro que a mesma é utilizada para tratar os doentes.

Em O Livro dos Médiuns, item 131, Kardec explica: “fato bem conhecido em magnetismo, mas inexplicado até hoje: o da mudança das propriedades da água, por obra da vontade. O Espírito atuante é o do magnetizador, quase sempre assistido por outro Espírito. Ele opera uma transmutação por meio do fluido magnético”. Aqui, ele demonstra a assistência espiritual – quase sempre – no momento da magnetização da água.

Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, no livro Segue-me, esclarece: “a água é dos corpos mais simples e receptivos da Terra. É como que a base pura, em que a medicação do Céu pode ser impressa, através de recursos substanciais de assistência ao corpo e à alma, embora em processo invisível aos olhos mortais”.

O mesmo autor espiritual, pelo médium citado, no livro O Consolador, questão 103, diz: “a água pode ser fluidificada em benefício de todos; todavia, pode sê-lo em caráter particular para determinado enfermo” (grifo nosso).  Reafirma o que Kardec havia dito sobre os benefícios para os doentes e usa a denominação “água fluidificada”.

André Luiz, também através de Chico Xavier, no livro Nos domínios da mediunidade, cap. 12, refere-se ao processo e usa igualmente a expressão “água fluidificada” em um diálogo com o instrutor Áulus: “por intermédio da água fluidificada, precioso esforço de medicação pode ser levado a efeito. Há lesões e deficiências no veículo espiritual a se estamparem no corpo físico, que somente a intervenção magnética consegue aliviar”.

Deduzimos, então, que a água utilizada nos Centros Espíritas e até mesmo nos lares, em benefício das pessoas, pode ser chamada de água fluidificada ou água magnetizada. Embora no livro Segue-me, citado acima, o título do capítulo seja “A água fluida”, tecemos alguns esclarecimentos.

Temos ouvido dos companheiros espíritas as expressões água fluida e água fluída. No entanto, fluido e fluído são palavras distintas, que apresentam significados, escritas e pronúncias diferentes.

  • Fluido é um substantivo ou um adjetivo formado pelo ditongo “ui”, que apresenta duas sílabas (flui-do). Tem “flui” como sílaba tônica. Indica, principalmente, uma substância líquida ou gasosa: maus fluidos, bons fluidos, fluidos para freios, fluidos do corpo, mecânica dos fluidos.
    • A palavra “fluido” indica algo que corre como um líquido ou que ocorre de forma fácil e espontânea. Pode indicar também algo que é mole, não apresentando rigidez, bem como o líquido inflamável dos isqueiros. Refere-se ainda a uma aura ou influência que um ser pode ter ou exercer;
    • É sinônimo de: líquido, gás, fluente, corrente, fácil, espontâneo, natural, simples, mole, flácido, frouxo, influência e aura, entre outros. Alguns exemplos: “o fluido do meu isqueiro já acabou”; “ela sempre transmite bons fluidos”; “com ele, é impossível manter um diálogo fluido”.
  • Fluído é uma forma verbal formada por um hiato, que apresenta três sílabas (flu-í-do). Tem “í” como sílaba tônica. É o particípio do verbo fluir: tinha fluído, tem fluído, tendo fluído, terá fluído.
    • A palavra “fluído” é o particípio do verbo fluir, que se refere, entre outros, ao ato de correr em estado líquido. “Fluído” é sinônimo de escoado, escorrido, vazado, drenado, vertido;
    • “Fluir” pode indicar também o ato de ter origem em, de ficar com menos intensidade e de decorrer no tempo. O particípio é usado, principalmente, na formação de tempos verbais compostos e em locuções verbais. Vejam os exemplos: “o líquido já tinha fluído pela canalização”; “já era noite, as horas tinham fluído e ninguém tinha notado”; “antes das cinco da tarde, o trânsito tem fluído bem”.

Portanto, não é correto dizer: “água fluida” ou “água fluída”. A água é um tipo de fluido, portanto, é redundante dizer água fluida. E água fluída é a água que fluiu, escorreu, escoou. Por exemplo: “o que faremos se a água ainda não tiver fluído?”

Assim, se vamos nos referir à água utilizada no Centro Espírita para beneficiar as pessoas, devemos utilizar a denominação de “água fluidificada” ou “água magnetizada”, isto é, aquela que recebeu fluido humano e fluido espiritual.

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *