Detalhe que sensibiliza

Orson Peter Carrara

As instituições espíritas estão vivendo momento difícil de sua história: a sensibilização geral da própria família espírita para o retorno efetivo ao estudo e ao comprometimento com a lúcida proposta apresentada pela Doutrina Espírita.
Costuma-se dizer que falta trabalhador, que muitos não comparecem nem ajudam, que muitos nem retornaram quando mais se precisa, que, em muitos casos, há uma debandada geral, que falta responsabilidade e por aí vai…
Deixemos esse aspecto negativo de lado. Cada criatura é dona de seus próprios rumos e não temos o direito de questionar as opções. Temos é que fazer a nossa parte.
Todavia, há um segredo esquecido. Da entrevista com Sandra Borba – renomada expositora espírita de Natal (RN) –, publicada na 98ª edição da revista O Consolador, de 15/03/09, extraímos uma das perguntas, e sua respectiva resposta, para a apreciação do leitor e objetivo da presente abordagem:

O Consolador: Há uma maneira de sensibilizar mais a família espírita para o estudo e comprometimento com a proposta espírita?
Resposta: A instituição espírita deve se tornar uma comunidade educativa, pela própria natureza pedagógica da doutrina. Obviamente que não lidamos com processos invasivos na intimidade dos frequentadores das casas espíritas, mas podemos sensibilizar as famílias e os trabalhadores por meio das diversas atividades já desenvolvidas no interior das instituições, sem que nos sintamos inibidos de buscar novas práticas, respeitando o bom senso que deve caracterizar nossos processos comunicativos e interativos. Existe algo, porém, que precisa urgentemente ser repensado entre nós: a casa espírita não é apenas o ponto de encontro de trabalhadores, mas a escola de almas de irmãos com os quais necessitamos estreitar nossos laços de amizade, inclusive fora do espaço institucional.

Os grandes ou pequenos problemas de relacionamento interno, nas instituições, podem ser atenuados e até resolvidos se pararmos para pensar um pouco no final da resposta: existe algo, porém, que precisa urgentemente ser repensado entre nós: a casa espírita não é apenas o ponto de encontro de trabalhadores mas a escola de almas de irmãos que necessitamos estreitar nossos laços de amizade, inclusive fora do espaço institucional.

Eis o detalhe: almas de irmãos que precisam estreitar laços de amizade, inclusive fora do espaço de convivência do trabalho espírita. Vivemos apressados, correndo, apenas vinculados à rotina do trabalho, esquecendo-nos de estender as mãos e conviver também fora do ambiente físico da instituição a que nos vinculamos.
Precisamos nos colocar mais na condição de irmãos, seres humanos com suas lutas humanas semelhantes, ao invés de nos postarmos simplesmente como orientadores da vida alheia, quando, na verdade, igualmente somos todos necessitados de orientação.
E como seres humanos, precisamos todos uns dos outros, mais do que imaginamos. Esse toque de fraternidade é o detalhe para mutuamente nos sensibilizarmos. Essa atenção provinda da fraternidade, da empatia, eis o segredo de aperfeiçoarmos os relacionamentos.


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