Latente irresponsabilidade
Jesus é o portador do bálsamo para as milenares ulcerações da Alma
Rogério Coelho
“(…) A esperança de paz sempre se turba com a ambição da ociosidade”. Amélia Rodrigues (1)
Aprendemos com Allan Kardec (2):
“a fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objeto visado”.
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Aqueles eram tempos em que as bênçãos dos Céus eram esparzidas a cântaros pelo Divino Cantor de Deus…
É sempre raro alguém interessar-se pelos desvalidos de todo matiz. Ele chegou de inopino e os Seus feitos e ditos causaram espanto e admiração. Eram as Boas Novas do Reino de Deus que finalmente chegavam ao país das sombras, inaugurando uma Nova Era de amor e justiça…
Seu discurso era totalmente diferente de todos que O antecederam e Seus atos extraordinários causavam bulício na grande mole humana que lhe testemunhava os feitos admiráveis: não só os cegos, os paralíticos, os moucos, os mudos eram curados de suas enfermidades físicas, mas também os estropiados morais se endireitavam ao ouvir-Lhe o verbo altissonante e persuasivo que lhes revirava as entranhas da Alma.
Ontem como hoje – imediatistas – as criaturas anseiam por soluções milagrosas e apressadas sem respaldo na conversão de suas mazelas íntimas. A frenética e perturbada busca por “milagres” tem levado multidões em peregrinações aos mais longínquos rincões, onde, dizem, eles se dão.
É a eterna ignorância e equívoco quanto à verdadeira “graça” dos Céus. Magotes de criaturas crédulas são levados de roldão por uma insidiosa irresponsabilidade que caracteriza os que desejam conquistas fáceis, sem trabalho, sem lutas, sem sofrimentos e sem mudanças no mundo íntimo.
Nosso Planeta, Escola das Almas, sempre foi pródigo na população dos deserdados, sofredores e marginalizados, cujas vidas miseráveis raramente tiveram o condão de sensibilizar os poderosos, os mais abastados que comumente estão emaranhados nas malhas do egoísmo e indiferença…
Não admira, portanto, que a Boa Nova tenha incendiado corações oprimidos com a chama da Esperança num porvir risonho. Jesus era portador do bálsamo para as milenares ulcerações da Alma.
Quem O conhece, assimila e pratica Seus ensinamentos, jamais pode continuar sendo a mesma pessoa, vez que os panoramas espirituais se alargam e a visão se amplia na direção do Infinito.
Por ter passado por esta experiência é que Amélia Rodrigues, afirma1: “o encontro com a Verdade liberta e algema o ser. Desencarcera-o do mundo e aprisiona-o à vida. Produz júbilo e traz melancolia. É pão que alimenta, mas, nutre somente pouco a pouco até satisfazer plenamente”.
Jesus é o nosso Amo, somos Seus servos. Ele é o Senhor, nós os escravos. Somos Seus prisioneiros, prisioneiros, porém, de uma prisão que liberta!…
Guia Incomparável, deixemos que Ele tome nossas vidas e as transformem em poemas de paz e felicidade, apartados da latente irresponsabilidade que tem pautado nossos destinos até hoje.
Assim como fez a Pedro, aos outros onze do Colégio Apostólico e a Paulo às portas da cidade de Damasco, no deserto da Síria, Ele – ainda hoje – convoca a todos nós, indistintamente, para a sedimentação das balizas da Nova Era que se instalará no terreno ainda sáfaro das Almas, alterando para sempre as estruturas íntimas dos Espíritos Imortais que somos todos nós, implantando-se, dessa forma, em definitivo, o primado da ventura, da paz e do amor incondicional.
- FRANCO, Divaldo. Trigo de Deus. Salvador: LEAL, cap. 1, p. 17-23.
- KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 121.ed. Rio [de Janeiro]: 2003, cap. XIX, item 3.