Efeitos do materialismo. Kardec tinha razão
Ricardo Baesso de Oliveira
O materialismo, ou seja, a crença segundo a qual nada existe no homem, além da matéria, encontrou em Allan Kardec um forte opositor. Ele acreditava que o Espiritismo poderia contribuir com o progresso, destruindo o materialismo, que, segundo afirma na Revista Espírita, é um dos vícios da sociedade atual, porque engendra o egoísmo.[1]
Examinando as consequências do modo espírita de pensar, Kardec relaciona três efeitos decorrentes dele.[2] O primeiro e o mais geral é o de desenvolver o sentimento religioso, resultando em uma atitude serena ante a morte inevitável, sem com isso desprezar a vida orgânica, por considerá-la essencial ao progresso espiritual.
O segundo efeito é a resignação em face das vicissitudes da vida. O Espiritismo faz ver as coisas de tão alto que o homem não mais se perturba tanto com as suas tribulações, mas adquire mais coragem nas aflições e moderação nos desejos.
O terceiro efeito é o de despertar a indulgência para com os defeitos alheios.
Recentemente, essas ideias do nosso Codificador vêm sendo negadas, sob o argumento de que existem excelentes pessoas, justas e compassivas, que não creem na vida depois da morte. E, por outro lado, vê-se muito desamor e vaidade exacerbada, não só nos crentes espíritas, mas também em grandes lideranças do Movimento Espírita. Isso não pode ser desmentido, pois é resultado da observação dos fatos.
No entanto, a constatação de que existem pessoas boas e pessoas más, tanto entre os materialistas como entre os espiritualistas, não serve de argumento contra o pensamento de Allan Kardec, pois este se referia ao materialismo em sua generalidade, e não a casos particulares. Precisaríamos, portanto, de evidências empíricas para ratificar ou não as ideias do Codificador.
Tudo indica que já temos essas evidências. O psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, na conferência de lançamento do livro Science of life after death,[3] relaciona estudos robustos, publicados em diversas revistas internacionais de reconhecido valor, que vêm mostrando que a crença na vida após a morte gera fortes impactos na vida dos indivíduos, dentre eles:
- – Menos desespero de fim de vida;
- – Menor ansiedade e maior tranquilidade;
- – Maior crença em um mundo equitativo;
- – Menor aceitação do suicídio e da eutanásia;
- – Menos sintomas psiquiátricos;
- – Menos efeitos da dificuldade financeira;
- – Maior satisfação com a vida.
Para os espíritas, fica a forte convicção de que divulgar o Espiritismo, esclarecendo quanto à realidade do Espírito, contribui para que as pessoas tenham uma vida mais rica, profunda, ética e feliz.
[1] KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos, ano I: 1858. Catanduva: EDICEL, 2017, março.
[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 2a ed., Rio de Janeiro: FEB, 2009, conclusão, i. 7.
[3] https://youtu.be/X4qJozxIADU.