Na hora da tormenta

Rogério Coelho

Não te esqueças de que toda crise é fonte sublime de espírito renovador para os que sabem ter esperança.
Emmanuel[1]

Tudo está posto para o nosso aprimoramento espiritual e, quando nos encontramos em luta imensa, recordemo-nos de que o Senhor da Vida, que é infinitamente bom, justo e misericordioso, nos conduziu à semelhante posição de sacrifício, considerando a probabilidade de nossa exaltação.

Eis o ensinamento de Emmanuel:1

(…) todos os seres e coisas se preparam, considerando as crises que virão. É a crise que decide o futuro: a terra aguarda a charrua; o minério será remetido ao cadinho; a árvore sofrerá a poda; a ovelha esperará a tosquia, o homem será conduzido à luta; o cristão conhecerá testemunhos sucessivos.”

É assim que vemos Jesus atravessar a crise tormentosa do Calvário, antes da esplendente madrugada da ressurreição. Se ele, que é o nosso “modelo e guia”, não se eximiu do testemunho, submetendo-se dócil à vontade do Pai na condição de filho fiel, suportando o apodo público, o abandono dos entes amados, a ingratidão dos beneficiados da véspera e o suplício da cruz ignominiosa, também nós, seus discípulos – devedores da lei –, devemos examinar a gravidade da hora em curso, reconhecendo a necessidade do testemunho próprio.

Esclarecendo ainda mais, expõe Marco Prisco:[2]

(…) Você se angustia em face às dores que o visitam. Apesar disso, suas origens espirituais carregam as matrizes das aflições que impunha aos que lhe sofreram o guante. Justiça divina, a reencarnação é a porta ditosa pela qual o Espírito transita na direção do equilíbrio, do enobrecimento. O sofrimento não é necessariamente castigo, mas convite à reflexão para posterior conquista da paz. Diante das circunstâncias pungitivas que o afligem, erga o pensamento ao Pai e trabalhe pelo Bem, entesourando títulos que o credenciem à saúde e à felicidade, que lhe advirão logo mais, resgatados os compromissos assumidos.”

Portanto, para alcançarmos a vitória sobre as injunções dolorosas e adversas, peçamos ao Pai e recorramos a Jesus, subindo até ele pelas cariciosas asas da prece, resguardando-nos na ilha da meditação, porém, dóceis e submissos aos divinos desígnios, conscientes de que todos na Terra experimentaremos os mesmos trâmites na escala infinita das experiências necessárias à nossa alcandorada alforria espiritual.                                                                                                                 


[1] XAVIER, F. Cândido. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 19a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, c. 58.

[2] FRANCO, Divaldo P. Momentos de decisão. Pelo Espírito Marco Prisco. 3a ed. Salvador: LEAL, 1991, c. 26.

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