Pensamentos
Coluna O Médium de ontem
Ítalo José de Araújo
Publicado na revista O Médium, no 186, de jun/1955
O ambiente propício, e único, no qual entidades inferiores procuram lançar suas bases, é, sem dúvida, o de nossa atitude mental. Encontrando-se esta com suas portas franqueadas, não perdem tempo em começarem a vampirização, que tanto lhes apetecem. E, após fundearem-se no mar de nossos pensamentos, defendem-se e reclamam a posse da vítima, tramando terríveis ardis.
Cada pensamento negativo que emitimos, seja um ressentimento, uma mágoa, uma revolta, um ódio, uma inveja, será o bastante para darem início à sua corrupção.
De alcateia, como lobos famintos, montam guarda às suas presas, a fim de que não lhes fujam à ambição viciosa.
Desatam-se por impedir todo esforço no sentido da Espiritualidade Superior, procurando, sempre que possível, lançar vibrações letais da desconfiança, malicia, ócio e, por fim, o desespero como eclosão de seu trabalho.
Constroem, pouco a pouco, sua cidadela, passando a usar a vítima como isca para outros infelizes.
Entretanto, carecemos de defesas naturais e próprias do homem, das quais podemos lançar mão e cultivar.
Com um pouco de esforço em não se integrar ao primeiro impacto, podemos criar uma esfera de pensamentos ativos e sãos. Não aceitando proposições menos dignas, evitaremos o acesso desses irmãos menos esclarecidos.
Mas como? Perguntarão alguns.
Sabemos que a afinidade de pensamentos é uma lei universal e inderrogável em qualquer parte do universo. Nela se equilibram a justiça e o mérito. O padrão mental de cada um de nós indica o que merecemos, por justiça, na medida de nosso esforço próprio. Bons pensamentos resultam em excelentes inspirações e belos reflexos. Já maus pensamentos levam à péssimas propostas e ao sofrimento como resultado.
A atitude mental humilde, não subserviente, é sólida defesa contra atuações exteriores e interiores, não deixando criar pensamentos menos favoráveis com relação aos outros e ao próprio respeito.
Envidemos esforços não tão somente para o que não devemos pensar, mas também naquilo que de bom podemos emitir. Processemos esta defesa em coisas boas que podemos pensar, coisas verdadeiras, puras, justas, amorosas e sensatas. O produto será uma mente ativa, qual dínamo, influenciando divinamente pelas fórmulas múltiplas e de múltiplos coloridos, no mundo dos pensamentos.
Desta forma, atrairemos a paz de Deus, que supera todo discernimento, para guardar os nossos pensamentos, sentimentos na objetividade da grande marcha humana.