A importância do estudo da mediunidade
Marcelo Bonoto
Para todos aqueles que estão envolvidos em atividade mediúnicas, para os que se interessam por assuntos espirituais e para aqueles que estão buscando desenvolvimento pessoal e espiritual, faz-se de extrema importância o estudo da mediunidade de forma cuidadosa e responsável.
O estudo metódico e bem direcionado de “O Livro dos Médiuns”, bem como da vasta bibliografia à nossa disposição, além de nos permitir entendimento mais profundo sobre a comunicação entre os mundos físico e espiritual nas mais diversas formas, traz, em sua proposta primeira, a educação integral do Espírito.
Como nos alerta o codificador Allan Kardec em comentário à questão 917 de “O Livro dos Espíritos”, a educação, a arte de moldar caracteres, “requer muito tato, muita experiência e uma profunda observação”1. Assim, podemos afirmar que, o médium que deseja tornar-se instrumento seguro de consolo e amparo para os desencarnados, deve começar em si mesmo o trabalho da autoeducação intelecto-moral.
A psicografia (escrita), a vidência (visão) e a psicofonia (fala), entre outros, são potenciais mediúnicos que precisam ser desenvolvidos e amadurecidos por meio da prática e das observações – no mundo espiritual – do resultado das ações dos Espíritos enquanto encarnados.
Nos ensina o Codificador no capítulo 1, item 2, de “O Livro dos Médiuns”, que “as almas tiram de si mesmas a sua felicidade ou sua desgraça; que a sorte lhes está subordinada ao estado moral”2. Dessa forma, auxiliados pelo intercâmbio educativo que a mediunidade proporciona, deparamos com as consequências morais das escolhas de nossos irmãos, o que nos leva a repensar as nossas próprias condutas.
Empenhados nos estudos sérios sobre a mediunidade e suas práticas, abrem-se possibilidades para uma conexão mais segura com o mundo espiritual, garantindo posturas mais responsáveis, nas quais o discernimento e a ética ao interagir com o irmão desencarnado se fazem natural na postura do médium.
Nos alerta Manoel Philomeno de Miranda: “todo o movimento entre as duas esferas de ação deve acontecer suavemente, como num centro cirúrgico, que o é, de modo a refletir-se na segurança do atendimento que se opera.”3 Você se torna responsável e conduz com o devido cuidado aquilo que conhece e, por conseguinte, valoriza.
Como nos fala Kardec no capítulo 28, item 9, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “os médiuns são intérpretes encarregados de transmitir aos homens os ensinamentos dos Espíritos.”4 Isso nos instrui sobre nossa destinação futura, nos orienta no caminho do bem e auxilia em nosso adiantamento. Dessa forma, percebemos o quão cuidadosa é a função do médium ao cumprir seu papel de mensageiro fiel ou deturpar as lições para uma vida futura feliz.
O estudo ininterrupto da mediunidade em busca de aprendizado, sem julgamentos dos autores, mas em observância às causas e aos efeitos de suas ações, trará aos envolvidos diretos e indiretos a educação moral capaz de construir um homem transformado, que compreende os propósitos da vida, seu papel na edificação do mundo regenerado e seus compromissos para com a coletividade, tomando para si a responsabilidade de seu próprio crescimento.
Estudar a mediunidade é descortinar o véu do mundo espiritual, sabendo que não é um espaço longe e circunscrito, mas que está ao nosso redor “acotovelando-nos incessantemente” e contribuindo para a elevação de toda a Humanidade.
1. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, terceira parte, cap.12, q.917 – comentário.
2. Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, cap.1, item 2.
3. Miranda, Manoel Philomeno. Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, publicada em O Reformador, ano 125, nº 2144, de novembro de 2007.
4. Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.28, item 9.