O Departamento de Atendimento Espiritual (DAE) da AME/JF
Entrevista com Maria Olívia Bonfá
Em 2019, ainda a título de experiência, do Departamento de Assuntos da Mediunidade (DAM) da AME/JF foi desmembrado o Departamento de Atendimento Espiritual (DAE), espelhando a estrutura da União Espírita Mineira (UEM). No ano seguinte, a divisão foi aprovada pelo Conselho Espírita Municipal (CEM). Atualmente, quem dirige o DAE é a trabalhadora espírita Maria Olívia, que, nesta edição, conta um pouco sobre o setor e suas funções.
RM: Além das questões físicas e sociais, todos nós, enquanto Espíritos imortais, temos dificuldades no campo emocional e moral. É efetiva a preocupação dos centros espíritas com o acolhimento integral de seus frequentadores?
Maria Olívia: Nem sempre, contudo, importa ponderar que a falta de efetividade no acolhimento integral dos frequentadores pelas instituições espíritas se dá, muitas vezes, pelo fato de não saberem como o fazer ou mesmo pela falta de trabalhadores capacitados para tanto.
RM: Nesse sentido, quais são os objetivos do DAE?
Maria Olívia: Sensibilizar, incentivar e auxiliar as instituições espíritas a capacitarem seus colaboradores nos trabalhos específicos de recepção, atendimento fraterno pelo diálogo, atividade de explanação do evangelho à luz da Doutrina Espírita, atendimento pelo passe, irradiação e orientação à implantação do evangelho no lar, considerando, para tanto, a realidade existente em cada instituição.
RM: O que o DAE tem realizado para atingir seus objetivos?
Maria Olívia: Por meio dos trabalhos on-line realizados nos dois últimos anos, o DAE tem estimulado os centros espíritas de Juiz de Fora e região a tentarem implementar a Área de Atendimento Espiritual (AAE) ou a se organizarem para trabalhar de forma coordenada o conjunto de atividades que constituem a AAE, seja para dar continuidade às ações já em curso ou para implementar novas ações, a fim de oferecer roteiro seguro de trabalho e colaborar com o aprimoramento do atendimento espiritual às pessoas que buscam acolhimento, consolo, esclarecimento e orientação.
RM: Em seu entendimento, há a preocupação nos centros espíritas em acolher seus próprios trabalhadores?
Maria Olívia: O que se nota é que, na maioria das vezes, os centros espíritas direcionam seus esforços a capacitar os trabalhadores quanto ao conhecimento evangélico-doutrinário, para que tenham meios de acolher, esclarecer e consolar as pessoas que buscam alívio para as dificuldades e aflições. Além disso, buscam também analisar previamente o perfil do trabalhador, constatar assiduidade e comprometimento junto ao grupo de estudo ao qual está vinculado. Contudo, com o passar o tempo, talvez por entenderem que já possuem um grupo de trabalhadores bem “formados” e experientes, esquecem de voltar o olhar para as necessidades (físicas/psíquicas) que os trabalhadores passam a apresentar. São muitas as angústias que norteiam o ser humano e os trabalhadores não estão isentos de vivenciar provas e expiações que lhe tragam dificuldades. Em razão disso, os desequilíbrios emocionais se tornam mais comuns e repetitivos, até mesmo entre aqueles que trabalham na seara espírita, merecendo mais cuidado e entendimento fraternal por parte dos dirigentes/coordenadores, os quais devem se empenhar em identificar e procurar formas de recuperar aqueles que, porventura, se afastam ou se encontram fragilizados.
RM: Quais são os próximos projetos do DAE?
Maria Olívia: Temos como proposta realizar publicações periódicas, incentivando os espíritas a realizar o evangelho no lar; organizar um evento sobre recepção nas instituições espíritas; dois encontros para tratar do tema ‘diálogo fraterno’, que incluem capacitação, atendimento aos próprios trabalhadores e importância do diálogo fraterno na prevenção do suicídio e no amparo aos familiares daqueles que tentaram ou cometeram o ato); e um evento sobre passe.