Mediunidade – Compromissos e Responsabilidades

Lucius Claudius1

Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo. (Lucas 16:2)

O objetivo deste artigo é refletirmos em torno dos nossos “Compromissos e Responsabilidades” como Médiuns perante a nossa faculdade Mediúnica. É importante buscarmos o significado destas palavras na língua portuguesa para que não tenhamos dúvida daquilo que temos a cumprir. Consultando o dicionário digital Priberam vamos encontrar:

Compromisso – obrigação ou promessa feita por uma, ou mais pessoas.1

Responsabilidade – Obrigação de responder pelas ações próprias.2

Correlacionando estes significados na abordagem mediúnica podemos inferir que:

Prometemos a nós mesmos, conscienciosamente, quando reencarnamos, a responder devidamente pelo uso da faculdade Mediúnica a qual fomos dotados, aprendendo a canalizar estes recursos em atividades nobres para o bem dos outros e de nós mesmos, resultando assim na sublimação das nossas energias psíquicas.

Mediante o exposto, é importante refletirmos se tais considerações estão sendo levadas em conta no exercício de nossas faculdades mediúnicas. Se ainda não estamos devidamente ajustados em um Programa de Vida estabelecido para a espiritualização dos Médiuns, é importante buscarmos nas obras espíritas o roteiro traçado pelos Benfeitores Espirituais, que são orientações necessárias para o nosso ajustamento de conduta de vida. Antes, porém, de citarmos algumas destas orientações, busquemos a fundamentação doutrinária para exprimir que todos nós somos Médiuns.

Allan Kardec no livro dos Médiuns dissertando sobre a Mediunidade expressa que “essa faculdade é inerente ao homem”3, e que todos são dotados de certo grau de sensibilidade mediúnica, não obstante o Codificador enfatizar que “usualmente, assim só se qualificam”, ou seja, demonstra que a possui “aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada”3. Assim, podemos dizer que todos nós trazemos este compromisso consciencial pelo uso desta faculdade que é inerente à própria vida.

Para enriquecer as nossas reflexões visando ampliar o entendimento sobre a faculdade mediúnica trazemos à baila a citação de André Luiz, Espírito, na obra Libertação:

(…) a mediunidade é uma energia peculiar a todos, em maior ou menor grau de exteriorização, energia essa que se encontra subordinada aos princípios de direção e à lei do uso (…).” 4

O Autor espiritual, além de nos revelar que é uma energia que exterioriza do nosso campo mental, é também peculiar, ou seja, própria do ser, não obstante, estar subordinada ao direcionamento e aplicação que damos através do uso do nosso livre arbítrio. Considerando esta realidade insofismável, não podemos ignorar as responsabilidades que temos no uso dos recursos espirituais dos quais somos dotados.

Voltemos às reflexões dos ensinamentos trazidos pelos Benfeitores Espirituais aos Médiuns. Em relação ao uso da faculdade mediúnica, encontramos em O Livro dos Médiuns:

O desenvolvimento da mediunidade guarda relação com o desenvolvimento moral dos médiuns?

“Não; a faculdade propriamente dita se radica no organismo; independe do moral. O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mau, conforme as qualidades do médium.” 5

Os Espíritos da Falange do Consolador são enfáticos em esclarecer que a faculdade mediúnica em si está relacionada à ligação vibratória do Perispírito com o corpo físico guardando as particularidades de cada ser encarnado, mas o uso desta faculdade está relacionado aos valores morais da criatura. Por isso os Médiuns são conclamados nas mensagens espiritas ao estudo e a prática do evangelho, incorporando-o em sua forma de viver, pois a mensagem de Jesus é o código moral para os Espíritos em evolução. Em relação a isso, o Benfeitor Espiritual Emmanuel orienta:

A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.” 6

E André Luiz, Espírito, nos traça um roteiro prático para a aplicação do Evangelho em nossas vidas:

Imprescindível [que o Médium] se eduque, estudando e raciocinando, melhorando conhecimentos e apurando atitudes, principalmente aceitando em si e por si a felicidade de servir na construção da felicidade dos outros.” 7

E logo em seguida o Benfeitor Espiritual observa que “Mediunidade é talento comum a todos”7, mas desenvolvê-la, ou seja, utilizá-la devidamente “exige apenas decisão”7.

Através deste sucinto artigo, despretensioso na sua concepção, mas contendo bases doutrinárias profundas para o nosso Espírito ainda sedento de maior entendimento das Verdades Eternas, podemos depreender conforme a citação evangélica descrita no cimo deste texto que um dia todos nós teremos que responder perante as Leis que regem a vida e o Universo pelo uso dos recursos auferidos pela providência divina, concedidos através das faculdades mediúnicas.

  1. Pseudônimo de Paulo Brumano.
  2. https://dicionario.priberam.org/compromisso.
  3. https://dicionario.priberam.org/responsabilidade.
  4. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Item. 159.
  5. XAVIER, Francisco Cândido. Libertação. Pelo Espírito André Luiz. Capítulo 15.
  6. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Item. 226.
  7. XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. Item 387.
  8. XAVIER, Francisco Cândido. Sol nas Almas. Pelo Espírito André Luiz. Capítulo 67.

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