O Evangelho segundo o Espiritismo, 160 anos depois!
Alcione Andries Lopes
Em bela mensagem inserida na obra Caminho, Verdade e Vida (1), Emmanuel nos fala da impressionante realidade da afeição do Cristo pela Humanidade, afirmando que, “pelos homens, fez tudo o que era possível em renúncia e dedicação”.
Meditando nesse amor infinito, sobremaneira nos enternecemos ao senti-lo em nós, desde e para sempre, nas múltiplas expressões em que se manifesta, contando Jesus com uma plêiade de Luminares que o auxiliam no desempenho da missão que Lhe foi confiada pelo Pai.
Este o enfoque que daremos ao artigo, escrito com o coração, desejando homenagear os 160 anos de publicação de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.
“…eis que eu estou convosco, todos os dias, até a consumação dos tempos.” – Jesus (Mt, 24:20)
“… Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.” – Jesus (Jo, 14: 23)
“… o Consolador (…), a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” – Jesus (Jo, 14: 26)
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Nestes tempos da Grande Transição, ao aceitar Jesus por Guia e Modelo (2), cristãos espíritas verdadeiros que buscamos ser, temos encontrado estímulo e forças para o bom combate da autoiluminação, exatamente nessa atitude de aceitação dos ensinamentos do Cristo de Deus, aclarados e ampliados pelos postulados espíritas! E vamos desenvolvendo a compreensão, a esperança, a coragem, a paciência, o bom ânimo, essenciais ao melhor aproveitamento das justas expiações e complexas provações que nos alcançam! E assim, nos repletamos de ternura e gratidão a Jesus e Kardec, um de Seus mais lúcidos discípulos, pela acessibilidade ao conhecimento libertador da ignorância, do medo e da indiferença, o qual nos aponta e pavimenta o caminho da felicidade imperecível!
Com respostas claras às indagações sobre o sentido do Viver e do Existir, a Revelação Espírita, apoiada na Razão e no Sentimento, torna realidade a promessa do Consolador. E no tempo exato de Deus, quando a Inteligência avança, mas o Sentimento “esfria no coração de muitos”, eis que Allan Kardec nos traz O Evangelho segundo o Espiritismo, desdobrando exatamente a Terceira Parte do conteúdo extraordinário da obra básica – O Livro dos Espíritos, a que estuda as máximas morais de Jesus, ensejando-nos a oportunidade de equilibrar as duas asas que nos permitirão vôo mais amplo nos céus da Perfeição relativa que nos cabe atingir.
Cento e sessenta anos se passaram da publicação deste que é o terceiro livro do Pentateuco Kardequiano, e que é, no nosso entender, a reedição atualizada das sublimes palavras pronunciadas pelo Mestre há mais de dois mil anos, nas colinas de Kurun Hattin, na região da Galileia, e que conhecemos como o Sermão da Montanha! (3), o Mestre de volta em roupagem compatível com nosso estágio evolutivo atual, capazes que somos, se o quisermos, de melhor perceber-Lhe a grandeza, nEle identificando o Caminho que conduz ao Pai! Na época prevista, justamente quando a prolongada noite das aflições justas e necessárias se abate sobre a Humanidade da Terra, conclamando-nos aos esforços da Regeneração, ei-Lo – Jesus, a Luz do Mundo, mais uma vez ensinando, compreendendo, levantando, curando, fortalecendo, AMANDO-NOS a todos para que nos sustentemos na luta redentora e iluminativa que nos levará a Deus, fazendo-nos bem-aventurados!
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Selecionamos algumas citações de autores abalizados relacionadas ao tema em foco, desejando que a meditação em torno do amor de Jesus e Kardec para conosco, no tempo sem fim, nos console em profundidade, nos renove a coragem e as energias para a boa luta, com o coração esperançoso e alegre, pacificado e feliz!
“No princípio havia o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava, no princípio, junto de Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada que se encontra feito se faria. Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens e a luz brilha na treva, e a treva não a reteve.” – João, 1:1-5.
“A ciência do mundo não lhe viu as mãos augustas e sábias na intimidade das energias que vitalizam o organismo do Globo. Substituíram-lhe a providência com a palavra ‘natureza’, em todos os seus estudos e análises da existência, mas o seu amor foi o Verbo da criação do princípio, como é e será a coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade sem fim.” Emmanuel/Francisco Cândido Xavier. A Caminho da Luz, cap. I, Ed. FEB.
“A manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo, como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes. Começava a era definitiva da maioridade espiritual da Humanidade terrestre, de vez que Jesus, cm a sua exemplificação divina, entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações.” –Emmanuel/Francisco Cândido Xavier. A Caminho da Luz, cap.XII, Ed. FEB.
“Aproximavam-se os tempos em que Jesus deveria enviar ao mundo o Consolador, de acordo com as suas auspiciosas promessas. (…) Assembléias numerosas se reúnem e confraternizam nos espaços, nas esferas mais próximas da Terra. Um dos mais lúcidos discípulos do Cristo baixa ao planeta, compenetrado de sua missão consoladora, e, dois meses antes de Napoleão Bonaparte sagrar-se imperador (…), nascia Allan Kardec, aos 3 de outubro de 1804, com a sagrada missão de abrir caminho ao Espiritismo, a grande voz do Consolador prometido ao mundo pela misericórdia de Jesus-Cristo.” – Emmanuel/Francisco Cândido Xavier. A Caminho da Luz, cap. XXII, Ed. FEB.
“Este livro de doutrina terá influência considerável (…) a vida prática das nações obterá excelentes instruções (…) a Terra e sua população civilizada estão preparadas (…) é tempo de fazer a Terra gravitar na ordem radiante das esferas para sair da penumbra e do nevoeiro (…)
Aproxima-se a hora em que deverás abertamente declarar o que é o Espiritismo e mostrar a todos onde está a verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo. Escolhendo-te, conheciam os Espíritos a solidez das tuas convicções e que a tua fé, como um muro de aço, resistiria a todos os ataques. Entretanto, amigo, (…) agora vão começar as dificuldades. (…) Coragem, pois, e que a tua obra se complete. Conta conosco e, principalmente, com o grande Espírito do Mestre de todos, que te protege de maneira muito particular.” – Tópicos da conversa de Kardec com São Luís, um dos Espíritos da Codificação, parcialmente registrada em Obras póstumas, 2ª Parte, sob o título ‘Imitação do Evangelho’.
“Em abril de 1865, Allan Kardec, sob a inspiração do Excelso Mestre, trouxe a lume a Sua superior moral, ao publicar a obra que iria consolar e esclarecer a Humanidade com as dúlcidas lições de ética e de valores elevados, todas exaradas nos sublimes ensinamentos do amor, da caridade, da misericórdia, da compaixão…
Ao dedicar-se exclusivamente ao estudo e significado dos ensinamentos morais das palavras do Senhor, por serem de todos os tempos, o mestre de Lyon teve o cuidado de arrancar o joio que penetrara no trigal e transformou as espigas abundantes em celeiros de luz que atravessaram os decênios como farol inapagável e apontam o rumo do porto seguro da plenitude para todos.” Vianna de Carvalho, Espírito. Momentos de Sublimação, cap. 17 (Vianna de Carvalho –Joanna de Angelis/Divaldo Franco, Ed. LEAL)
“Luminosa, a coerência entre o Cristo e o Apóstolo que lhe restaurou a palavra.
Jesus, o Mestre. Kardec, o Professor. (…) Jesus, a porta. Kardec, a chave.” Emmanuel, Espírito. Opinião Espírita (Emmanuel-André Luiz/Francisco Cândido Xavier, Ed. CEC)
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Quando O Evangelho segundo o Espiritismo completa 160 anos, os que ansiamos para que “brilhe a nossa luz diante dos homens”, atestando-nos a condição de filhos de Deus, vimos louvar os vultos amados do Senhor Jesus e do insigne Codificador da Doutrina Espírita, renovando com Eles nosso compromisso de perseverarmos fiéis às Suas orientações, fazendo-nos melhores a cada dia, na vivência da Verdade, da Justiça, da Fraternidade e da Paz que nos foram legadas!
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1. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 25ª ed., Brasília: FEB, cap. 86.
2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 91ª Ed., Brasília, FEB, tradução de Guillon Ribeiro, q. 625.
3. LOPES, Alcione Andries. O Sermão reeditado. Revista O Médium. Juiz de Fora: AME-JF, set/out 2014.